sábado, 21 de junho de 2014

Morda a língua; ouça teu filho!



Saber escutar e mostrar-se compreensível são algumas estratégias para manter abertos os canais de conversa entre pais e filhos

Para todos, que como eu, estão aprendendo a desafiadora arte de ser pai e/ou mãe e os dois ao mesmo tempo, segue texto incrível de um pai e psicopedagogo:

"Foi mais ou menos esta a frase [o título] que ouvi do amigo e doutor em Psicologia, Daniel de Freitas Barbosa. Ao gravar o primeiro Questão de Classe da temporada 2012, falamos sobre a importância do diálogo entre pais e filhos. O assunto parece um tanto batido, mas pouca gente se dá conta de que efetivamente não existe conversa com a molecadinha.

Sou pai. Sei bem do que estou falando. Por mais que estude o tema e tenha formação na área de Psicopedagogia, falo mais que ouço. Não tem jeito. Lá em casa também é assim… Eles abrem a boca e a gente já “metralha” a garotada com dezenas de palavras por segundo. Não sei como não morremos sufocados, sem ar. Não dá tempo nem de respirar. Imaginem como fica a cabecinha deles?

Pois é… Também somos filhos. E tivemos nosso tempo na infância e adolescência. Odiávamos os sermões. Ainda lembro do meu pai falando grosso. Aquele homem de 1m93, um vozeirão… Jesus!!! Era de lascar.



Claro, hoje sinto falta. Ele ainda está lá… Mas não tem a mesma vitalidade, disposição para argumentar. Quando erro, apenas vejo em seus olhos uma lágrima de decepção, tristeza. Os argumentos do passado não existem mais. Entretanto, sei que minha saudade não é dos sermões. É de ver meu pai forte, cheio de vida… É de ouvir sua voz firme.

Diálogo implica em falar e ouvir. Na relação pais e filhos, talvez ouvir mais que falar. Afinal, pelo papel que exercemos como educadores, naturalmente nos colocamos como uma presença ativa na vida deles.

Por isso, a ordem do doutor Daniel é necessária. Morda a língua; ouça teu filho!

Não temos paciência para ouvir nossos filhos. Não queremos saber o que eles têm a dizer. Pensamos que a razão e a verdade estão conosco. Eles, os filhos, são ingênuos, inocentes, inexperientes… nada sabem.

Na verdade, tenho a impressão que nosso problema é outro. No fundo, temos medo das crianças e dos adolescentes. Medo de que descubram que não somos heróis. Medo de que revelem nossas fragilidades, a falta de conhecimento, a vergonha, os pudores, os tabus.

Quantas vezes não temos respostas para os por quês? Os baixinhos nos colocam contra a parede com suas perguntas. É ali que começamos a fechar o canal de diálogo. Quando a adolescência chega, nossos filhos percebem que não somos dotados de um conhecimento supremo. Viram as costas e nos rotulam como ultrapassados, velhos bobões.

Sabe, conversar com os filhos é a única maneira de protegê-los. Mas é preciso entender que nem sempre teremos respostas. Por vezes, seremos questionados e nos sentiremos envergonhados. Ter humildade nessas horas é fundamental. Quando isso acontece, não adianta falar grosso. Respeito se conquista, inclusive dizendo “não sei” ou “me perdoe”.

Por fim, da mesma forma que filhos não nascem prontos, ninguém se torna pai ou mãe pelo simples fato de gerar uma criança. Pais devem aprender a ser pais. Se a gente estuda para ser jornalista, advogado, professor, médico etc, por que achamos que não é necessário preparo para educar os baixinhos?"

Ronaldo Nezo

Gostou do tema, mas não saber por onde começar?

Segue dica de outro texto "4 passos para um diálogo efetivo com os filhos", em:

http://educarparacrescer.abril.com.br/comportamento/4-passos-dialogo-efetivo-filhos-739409.shtml

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